Desde as 14h00 desta quinta-feira, 21 de janeiro, decorreu o terceiro webinar FuteCOM, com preâmbulo do presidente da Liga Portugal, Pedro Proença.
“Boas-vindas à terceira edição do FuteCOM”, começou por referir o líder da entidade que supervisiona o Futebol Profissional em Portugal, antes de se congratular com o patamar internacional alcançado e saudando os “companheiros brasileiros”, que partilharam a sua experiência durante a pandemia, naquele que Pedro Proença fez questão de catalogar como “um novo momento da comunicação desportiva.”
Logo de seguida, numa sessão que contou com a intermediação do jornalista do zerozero Humberto Ferreira, Luciano Signorini, diretor de comunicação do Palmeiras, deu conta da experiência vivida no Brasil – e em São Paulo, mais concretamente.
“De repente de um momento para o outro, deixou de haver futebol, Nem treinos e tivemos que nos reinventar para manter os adeptos próximos”, começou por referir, para prosseguir: “Os campeonatos pararam a 16 de março e voltaram em junho, foi um período de muita indefinição”, assumiu, para vincar as decisões tomadas para enfrentar um período nunca antes vivido: “A decisão do Palmeiras foi não despedir funcionários. Houve redução de salários, face ao corte de receitas. Os jogadores foram extremamente compreensivos, e isso, a par de renegociação de contratos de parcerias e patrocínios, possibilitou a que não houvesse despedimentos. Os salários dos atletas de base, do futebol de base e de modalidades olímpicas não sofreram reduções.”
Luciano Signorini focou-se, então, na política de comunicação adotada pelo Palmeiras. “O objetivo era manter uma ligação forte, tendo os adeptos por perto. Como líderes, que ergueu bandeiras, tivemos de dar o exemplo: por mais difíceis que as coisas fossem, o mais importante era privilegiar a vida, a saúde, e mostrou isso nas suas plataformas”, referiu, para exemplificar: “Promoveu vídeos a apelar aos adeptos para ficarem em casa para verem mais títulos; e há uma grande ligação com Itália, então o Palmeiras escreveu uma carta-aberta ao povo italiano, solidarizando-se. Teve grande impacto na Imprensa italiana.”
“O Palmeiras, nas suas plataformas, fez uma relação entre o 1 de abril, dia das mentiras, e as ‘fake news’, que proliferavam. Não era altura para brincadeiras e tinha que se informar corretamente”, lembrou ainda Signorini, reportando às “ações sociais, doação de álcool gel, de sangue, etc” que foram ainda desenvolvidas: “Em março, abril, maio, junho, sem competição, houve uma quebra de sócios, mas nós criámos campanhas, quem continuasse a pagar, ganhava créditos.” “Tinha que haver um equilíbrio entre a felicidade do adepto, com entrevistas com os jogadores, por exemplo, com o papel social, mostrando todos os cuidados sanitários no regresso aos trabalhos”, apontou ainda, antes de prosseguir: “Depois, até criou um drive-thru em que as pessoas nem precisavam de sair do carro para deixar um brinquedo, tecidos para fazer máscaras.”
“Toda a política de comunicação do Palmeiras foi muito determinada pelo departamento médico, na medida em que a situação sanitária se sobrepunha sobre todas as outras. Não entram jornalistas na nossa Academia, todos os nossos conteúdos são da nossa autoria e depois partilhados com os restantes meios”, referiu ainda, antes de rematar: “Todas as nossas plataformas tiveram um grande crescimento, por isso consideramos que foi um sucesso esta adaptação a esta nova realidade.”
“Tivemos um surto de Covid-19 no plantel, entre 15 e 20 elementos, mesmo mantendo todos os protocolos. Houve muitos casos ao mesmo tempo e houve um declínio no campo técnico. O desempenho tornou-se longe do ideal, houve um comando técnico, com a chegada de Abel Ferreira, que se adaptou rapidamente e está a fazer um trabalho excecional. O trabalho em campo potencializa o trabalho da comunicação, mas trouxe para o clube uma imagem positiva. Agora, o nosso desafio é manter essa comunicação, dentro dos relvados. Estamos com chances de conseguir títulos esta época, com a chegada do Abel que potenciou tudo isto. Tem feito um trabalho magnífico”, avaliou Signorini.
No painel que se seguiu, subordinado ao tema “Futebol em tempos de COVID”, foram quatro os convidados a partilharem as suas experiências.
Pedro Santos, extremo do Columbus Crew, que se sagrou campeão dos Estados Unidos, lembrou: “Acusei positivo na segunda-feira, depois de jogar domingo. No domingo seguinte, foi a última jornada e depois disso, entrámos de férias.” “Até brinquei com o meu treinador a dizer que agora quero jogar a final e sagrar-me campeão em campo”, gracejou.
Já Vasco Seabra, treinador que, em tempos de pandemia, orientou o CD Mafra, Boavista FC e agora comanda o Moreirense FC, estabeleceu as diferenças com o passado. “Há menos conversas no balneário, mais conversas no campo, mais arejadas. O dia a dia muito idêntico, mas com a distância necessária. Apesar de toda a testagem, em qualquer conversa individual ou por sectores, todos desinfetam as mãos e colocam máscara”, explicou.
Nuno Teixeira, assessor de Imprensa do Vitória SC, elucidou o novo relacionamento com os órgãos de comunicação social. “Hoje, há um máximo de 50% da lotação na bancada de Imprensa. São tomados todos os cuidados e feita toda a testagem”, antes de dar conta da proximidade tentada com os adeptos: “Passámos um vídeo do Quaresma a marcar um golo e a reconhecer a falta que o público faz. É muito importante ter um jogador como o Quaresma a dizê-lo.”
José Luís, diretor de operações do SC Farense, explicou que “os cuidados com a limpeza e desinfeção triplicaram”: “Continuamos a almoçar todos juntos, mas espaços muito maiores e com maior distanciamento, com todas as precauções. Por isso, não tivemos ainda nenhum caso”, referiu.