Os últimos dias foram, admito, dos mais difíceis que vivi nos oito anos como Presidente da Liga Portugal.
Por mais numerosos que sejam os momentos críticos geridos pelo presidente de uma instituição com a envergadura e a dimensão da Liga Portugal, o período que se seguiu ao momento em que tomei conhecimento, perplexo e pela Comunicação Social, das notícias que envolviam o Dr. Mário Costa constituiu uma total surpresa para mim.
Não está, nem nunca esteve, em causa o princípio de presunção de inocência, um direito constitucional consagrado a qualquer cidadão, não restem disso quaisquer dúvidas.
Porém, a Liga Portugal tem-se batido, nos últimos oito anos, pela defesa de princípios e valores éticos, de transparência e idoneidade, que são reconhecidos e validados por normas anticorrupção e por certificações que distinguem rigorosos mecanismos de gestão e boa governação, de que muito nos orgulhamos. Não pode, por isso, ficar associada às notícias que vieram a público, envolvendo o agora ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Ética, Transparência, credibilidade e idoneidade são, para mim, mais do que meras palavras ou conceitos abstratos. São princípios que sempre guiaram a minha vida pessoal e profissional e dos quais jamais abdicarei.
De tudo isso dei nota num processo intenso de auscultação e acompanhamento permanente junto de todas as Sociedades desportivas.
Posso afirmar hoje, por ser a primeira vez que publicamente abordo o assunto, que caso não tivesse ocorrido a renúncia ao cargo por parte do Presidente da Mesa da Assembleia Geral durante a reunião de urgência para a qual convoquei os presidentes dos três Órgãos Sociais que compõem a Liga Portugal, estávamos, eu e os presidentes do Conselho Jurisdicional e do Conselho Fiscal, preparados e alinhados para renunciarmos aos cargos para os quais fomos empossados há pouco mais de uma semana.
Os danos reputacionais que potencialmente poderiam ser infligidos à Liga Portugal por ver-se, ainda que de forma indireta, associada às notícias que ocuparam boa parte do espaço mediático tornariam, caso se mantivessem, insustentável a minha continuidade na presidência da Instituição.
Porque a Liga Portugal está, e estará sempre, acima de qualquer pessoa. E a defesa da Instituição deve ser, sempre, levada até às últimas consequências.
A renúncia apresentada pelo Dr. Mário Costa ao cargo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portugal, em menos de 72 horas – a celeridade, atendendo à relevância do que estava em causa, era uma variável essencial -, atenua os danos reputacionais provocados à Instituição.
Mas não nos basta. Devemos, todos, tirar ilações do sucedido. É uma obrigação que, sem receios, assumo.
Porque sendo verdade que a Liga Portugal tem implementados, hoje, mecanismos exigentes e internacionalmente reconhecidos, que visam protegê-la da exposição a situações como a que viveu nas últimas horas, também é, hoje, inegável que temos de fazer mais.
E vamos fazer mais e melhor, de forma célere, porque o futuro assim o exige.
Foi já ontem, menos de 24 horas após a referida renúncia, agendada a Assembleia Geral eleitoral intercalar para a eleição do novo Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portugal, para o próximo dia 23 de junho, calendário que permitirá que o próprio conduza a Assembleia Geral para aprovação do Plano de Atividades e Orçamento para a época 2023-24, agendada para 26 de junho.
Paralelamente, anunciarei hoje, em reunião de Direção da Liga Portugal, que iremos reforçar todas as nossas políticas de Compliance e os mecanismos de escrutínio prévio da idoneidade de todos os membros dos Órgãos Sociais, Direção, Direção Executiva e colaboradores da Liga Portugal.
Um dos eixos estratégicos que apresentei no meu Programa Eleitoral para 2023-27 foi o de garantir que a Liga Portugal Liderará pelo Exemplo. Exemplo das boas práticas de governação. Exemplo de ética. Exemplo de transparência.
Não abdicarei desses princípios e serei sempre intransigente na defesa do bom nome da Liga Portugal.
Nunca admitirei que a reputação da Instituição seja manchada sem ação firme e imediata e só poderá estar ao serviço da Liga Portugal quem partilhe, de forma inequívoca e comprovada, dos seus princípios inalienáveis.
É a garantia que deixo.
Lutarei, sempre e em qualquer circunstância, pela credibilidade de uma instituição com 45 anos de existência que tem cumprido os mais exigentes desafios, orgulhando-se de ser a primeira organização desportiva portuguesa certificada com a Norma de Sistema de Gestão Anticorrupção, na defesa de todos os clubes profissionais associados da Liga Portugal e dos cerca de 130 funcionários que, diariamente, vestem com orgulho a camisola desta casa.
O futuro cumprir-se-á, a partir deste momento, com uma renovada liderança da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portugal, garantindo todas as condições para, em comunhão de princípios e valores com os restantes Órgãos Sociais, cumprir os objetivos definidos para o mandato que acabou de começar.
A resposta do Futebol Profissional será a mesma de sempre: superar desafios, reforçar a competitividade e lutar pela sustentabilidade desta indústria, sem abdicar dos seus valores e princípios orientadores.
Teremos agora, estou seguro disso, mais e melhores condições para alcançar esses desígnios.