Dirigente é figura chave na reformulação da liga do Qatar
De regresso ao Thinking Football Summit, desta feita para participar no painel "Qatar Stars League: Como Reformular uma Liga", que decorreu este sábado no TFS Stage, Antero Henrique, ex-diretor desportivo do FC Porto e do Paris Saint-Germain, partilhou a sua visão estratégica sobre a transformação da Qatar Stars League. "A ideia da QSL era claramente manter uma estabilidade ao longo do tempo e construir, ou reconstruir, a liga, para um posicionamento que se revelasse possível. Que não fosse algo momentâneo", afirmou o dirigente.
Antero Henrique sublinhou a importância do futebol no plano de investimento do Qatar em entretenimento, afirmando que o desporto faz parte de um dos grandes vetores de investimento do país. "Aproveitámos muito bem a onda do Mundial-2022 no sentido de promover, junto daqueles ativos que seria importante atrair, e foi claramente uma ajuda inquestionável", referiu, destacando o impacto do torneio como um trampolim para a QSL.
Uma das mudanças mais significativas implementadas na QSL foi a contratação de jovens jogadores, com o objetivo de transformar a perceção de que o Qatar era apenas um destino para jogadores em final de carreira. “Começámos por enviar uma mensagem grande ao mercado, a partir do momento em que começámos a contratar jogadores sub-21. Contratámos 40 jogadores numa fase inicial, com menos de 21 anos, dando-lhes uma estabilidade de carreira e uma estabilidade de processo que normalmente não têm", detalhou. Esta aposta nos jovens foi fundamental para alterar o estigma de que o Qatar era apenas "um mercado de chegada" e transformá-lo num "mercado de partida", onde jovens talentos podiam crescer e ganhar visibilidade.
A contratação de jogadores jovens não só ajudou a alterar a perceção da liga no exterior, como também contribuiu para a formação de uma nova geração de treinadores e jogadores locais, que agora olham para a liga com mais motivação e ambição. "Esta pool de jovens ajudou a que o processo do treinador fosse mais consistente e ajudou a motivar os jogadores locais jovens", acrescentou.
Comparando com o projeto saudita, Antero Henrique reconheceu que os objetivos e as estratégias das duas ligas são diferentes. Enquanto a Arábia Saudita tem adotado um mediatismo assente em grandes nomes, como o de Cristiano Ronaldo, o Qatar tem seguido um caminho mais sustentável e consistente. "A Arábia Saudita é um projeto diferente, com um mediatismo enorme, fruto da grande responsabilidade do Cristiano Ronaldo. A ideia do Qatar é diferente: consistência, sustentabilidade, contratação de recursos credíveis", explicou.
Outro aspeto crucial no processo de transformação da QSL tem sido a mudança de mentalidade no que toca à contratação de jogadores, o dirigente destacou que, no Qatar, a performance é um fator inegociável, independentemente da idade ou da popularidade de um jogador. "
A finalizar, Antero Henrique também destacou a importância do talento português no panorama futebolístico internacional, elogiando a formação de jogadores e treinadores em Portugal. "Os profissionais portugueses de futebol estão associados a talento. Os clubes formam muito bem jogadores e treinadores", salientou, realçando o impacto positivo que os portugueses têm tido tanto no Qatar como em outros mercados internacionais.